terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ilha Gunkan

Quando me inscrevi para o programa de intercâmbio para o Japão, procurei fazer algumas amizades pela internet a fim de chegar aqui e ter algum contato, pelo menos, além de pegar algumas dicas de sobrevivência na terra do sol nascente. Foi então que conheci a Erina e seu namorado Daniel. A Erina é japonesa, trabalhava como corretora de seguros, mas pediu demissão porque não se sentia bem enganando as pessoas que contratavam os serviços da companhia. Ela dizia que ganhava em cima da tristeza alheia e que isso a incomodava. O Daniel é estadunidense (valorizemos a nossa América, também Latina) e, por incrível que pareça, gente boníssima. Ele era professor de inglês e escritor. Há dois meses, voltou para seu país a fim de recomeçar a vida na América (do Norte).

Claro que, chegando no Japão, quis conhecê-los ao vivo. Fui, então, a Nagasaki para visitá-los e fazer um passeio. Eles sugeriram uma ilha chamada "Gunkan" (que, em japonês, significa "navio de guerra", devido à silhueta da ilha quando vista de longe), localizada no mar da cidade de Nagasaki. O nome verdadeiro da ilha é "Hashima", que significa "ilha dos arredores". No entanto, ela também é conhecida como "Gunkanjima" ("jima" é uma variação de "shima", que significa "ilha") ou ainda, "Ilha Fantasma", por ser completamente desabitada.

A ilha foi habitada entre 1887 e 1974, como instalação para a extração de carvão no Japão. Nesse período, a empresa Mitsubishi comprou a ilha e construiu o primeiro grande prédio do Japão, a fim de abrigar os trabalhadores de modo eficaz contra os tufões (que visitam a região todo ano, por volta do mês de setembro). E digo dos tufões porque terremotos na região de Kyushu (ilha sul do Japão, onde fica o estado de Nagasaki) são raros e fracos. Por sorte, tive a oportunidade de presenciar um destes raros e fracos terremotos na região de Nagasaki. Estávamos nos arrumando para a aula da tarde, já fora do quarto, vestindo os calçados (vale lembrar que não se entra em casa calçado por aqui) quando o chão deu uma leve tremida e a estrutura de metal do ginásio poliesportivo balançou e fez um barulho imenso. Demorou um pouco pra cair a ficha que de tinha sido um pequeno tremor de terra. Afinal, não estou acostumado com esse tipo de situação. E não, não tive que trocar as calças antes de ir pra aula!

Voltando à ilha, em 1959 a densidade populacional dela atingiu o recorde mundial (coisa nem tão difícil, já que ela é pequena) de 83.500 pessoas por Km2 . Depois da chegada do petróleo, a extração de carvão entrou em decadência. Portanto, em 1974 a Mitsubishi anunciou oficialmente o fim da exploração do carvão mineral naquela ilha. Hoje, a ilha é uma atração turística, porém sua entrada está proibida. Não sei por qual motivo, mas só se pode vê-la do barco.

Na volta, ainda me deparei com uma coisa interessantíssima (ver foto "O Senhor dos Pornôs" no álbum "Ilha Gunkan"). De vez em quando é possível ver, na cidade de Nagasaki, uns tubos brancos de concreto como o da foto, com uma inscrição em vermelho que diz para a pessoa se libertar da pornografia. Quem quer se livrar da maldição dos 5 contra 1, deposita seu material adulto dentro do recipiente, que é coletado e supostamente queimado depois. E pra extender um pouco o assunto, revistas e filmes de marmanjos nipônicos não mostram TUDO. Há uma boa distorção no ponto mais interessante da cena/foto. Pra quê isso se quem compra é porque quer ver de tudo?! Pra quê, meu Senhor?! Oh, país cheio dos contrários em que estou!

Se tiver um tempo, dê um pulo por lá. Um passeio por volta dos 3 mil ienes (equivalente a R$ 60,00) incluindo passagem de trem e volta ao redor da ilha. Vale a pena! O roteiro da viagem: Isahaya até Nagasaki; caminhada de 10 minutos da estação ao porto; do porto à ilha em 40 minutos, de barco; 10 minutos de apreciação e volta.


4 comentários:

  1. Faz tempo que vc fez esse passeio, não?
    Lindas fotos! Mar muito azul... show!
    A propósito, tá ficando fera em fotografia, hein?! Dei uma olhada nos outros álbuns e fiquei impressionada :)
    Keep up with the good work!
    Beijos
    Lila

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  2. De facto, essas fotos aí da ilha Gundam (sacaste?) tão mto loucas. 'tivesse o céu vermelho então, ai sim ia parecer aqueles cenários de filme futurista decadente. Aliás, me ocorreu que eu vou roubar estas fotos maneiras! Rar rar rar (evil laughter)
    Yo!

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  3. Aaaaliás, se eu imaginasse que existia esse desviciador sacana japa, teria pedido pra vc descartar um vasilhame aí pra mim... tsc.
    Ok... essa foi infame...
    Rau!

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  4. "... e demos um barro num banheiro limpo..." pensei imediatamente que isso só pode ser possível por aí mesmo porque, aqui na terra do forfé, qualquer urgência sanitária é uma aventura anti-higiênica... varever. E tipo, a história do vulcão, véio... mto biza. huUHEHUEUH... descredito. E devido a sua piadinha vulcânica, vossa mamma deve tá tomando 5mg de xilocaína na veia com soro fisiológico até hoje...
    Putz. Vulcões rox!

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